O Ciúme e a inveja - CONTO
Joselito vivia implicando com seu irmão
Carlinhos, que era quatro anos mais novo que ele. Achava que Carlinhos era mais
bonito, tinha um cabelo louro, caracolado, e um sorriso que o tornava muito
simpático.
Tudo
que o irmãozinho fazia, Joselito ia logo contar à mãe, com aquele ar de quem
está denunciando algo errado que o mano tivesse feito. Além disso, nunca perdia
oportunidade de dar uns tapas no Carlinhos, por qualquer motivo e mesmo sem
razão.
Certo
dia Carlinhos contou à mãe que Joselito vinha faltando na escola para ir jogar
futebol com amigos... Ah, para quê! Isto lhe rendeu meia dúzia de murros e
alguns beliscões do irmão.
Diante
disso, a mãe botou Joselito de castigo: uma semana sem televisão, sem computador
e sem passeios. Além disso, teria de ler um livro nas horas vagas, quando não
estivesse estudando.
Joselito
odiou ter de ler um livro. Tinha preguiça de ler, mas dessa vez não teve jeito.
O livro escolhido era sobre relacionamentos em família, e, como a mãe vinha lhe
perguntar diariamente o que ele entendera sobre a leitura do dia, era preciso
prestar atenção.
Certa
noite, sem ter com que se ocupar, Joselito começou a pensar em sua vida.
Primeiro, sentiu pena de si mesmo por causa do castigo, porém foi refletindo
mais profundamente e chegou à conclusão de que o castigo era merecido. Assim,
nesse rumo de suas reflexões, acabou concluindo que ele tinha um sério problema
com relação ao irmão, mas não conseguia perceber qual seria a causa. Sabia que
amava Carlinhos, mas não conseguia se controlar. Tinha sempre o garoto na mira
da sua atenção, procurando algo de ruim no irmão que pudesse mostrar à mãe.
Seria ciúme? Seria inveja? “Não, claro que não!” pensou assustado.
Acabou
adormecendo e sonhou que se encontrava num lugar escuro, muito feio, e que
fugia de alguns seres estranhos que o perseguiam, gritando:
– É ciúme! É inveja! Esse garoto tem inveja do irmão que
é mais bonito que ele, por isso é tão mau.
Joselito
acordou com o coração aos saltos, a respiração ofegante e um aperto no peito.
Quando
conseguiu acalmar-se, procurou decifrar o significado daquele sonho, ou
pesadelo. Mas não havia nada para decifrar, estava tudo muito claro. Sentia que
realmente tinha ciúme, e pior ainda, tinha inveja do irmão, por isso o
maltratava.
Lembrou-se
de quando era filho único. Era ele o centro das atenções. Quando chegava uma
visita, todos os agrados eram para ele. No Dia da Criança e no Natal, os
melhores presentes eram sempre os dele. A mãe passava todo o tempo livre com
ele... Ah, mas depois que Carlinhos nasceu tudo mudou. O irmãozinho veio tomar
seu lugar, ocupar seus espaços e, conforme crescia, demonstrava qualidades que
ele, Joselito, não possuía. Era um menino calmo, amoroso e mais inteligente que
ele.
Era
isso! O que ele sentia era realmente ciúme e também inveja do Carlinhos.
Joselito
não gostou da ideia de saber que era ciumento e invejoso e foi procurar no
livro que a mãe o obrigara a ler, alguma coisa que pudesse ajudá-lo. Leu, dessa
vez com gosto, e acabou compreendendo muitas coisas. Resolveu mudar. A partir
de então, deixaria de ver Carlinhos como a um rival e trataria de vê-lo como a
um irmão, um irmão de verdade.
Pela
manhã, bem cedo, foi ao quarto de Carlinhos para acordá-lo e lhe deu um abraço.
O
garoto estranhou aquela atitude, mas percebeu logo que era de coração e começou
a chorar, dizendo:
– Eu nunca pensei que você fosse gostar de mim algum
dia...
Joselito
não aguentou... Com um nó na garganta, abraçou novamente o irmão, sentindo o
quanto gostava dele.
Sabia
também que, daquele dia em diante, os dois seriam verdadeiros irmãos. Mesmo que
brigassem de vez em quando, o que seria natural, não haveria mais agressões nem
implicância. Nada de ciúme, muito menos de inveja.
*************
E
quanto a vocês? Quem aqui acha que pode estar sentindo ciúme ou inveja de
alguém?
O facilitador deve incentivar respostas e
socializar o tema.
O ciúme
e a inveja são sentimentos que vão contra as leis divinas, ou cósmicas.
Nós
sabemos que essas leis estão na consciência do ser humano. Tanto isto é verdade
que, desde eras primitivas, as pessoas já tinham noções de honestidade,
justiça, fraternidade, respeito, etc. De onde viriam essas noções, a não ser do
próprio espírito humano, de sua consciência? Com essas noções os povos antigos
iam estabelecendo suas leis, de acordo com a própria cultura, e podemos
perceber também que elas evoluem, vão se tornando mais justas e mais sábias de
acordo com a própria evolução das comunidades humanas.
Temos,
então, o seguinte: quando transgredimos a lei da justiça, da fraternidade ou
outras leis divinas, estamos entrando em conflito com a nossa consciência. Isto
gera desarmonia interior, uma espécie de remorso, e esse remorso pode nos levar
à depressão ou, então, a desenvolver outras formas de doenças conhecidas como
psicossomáticas.
Quando
sentimos remorso por alguma coisa errada que fizemos, ficamos mal com nós
mesmos.
Quem de
vocês já sentiu remorso alguma vez?
O facilitador deve incentivar respostas.
O
remorso é um sentimento muito ruim. Por isso, sempre que fizermos alguma coisa
errada, que nos crie remorso, é muito importante procurarmos corrigir o erro,
pedir desculpas, enfim, fazer o possível para aliviar a consciência.
Quem de
vocês tem facilidade para pedir desculpas?
O facilitador deve incentivar respostas.
Quem
tem dificuldade para pedir desculpas?
O facilitador deve incentivar respostas.
Muitas
pessoas pedem uma meia desculpa dizendo, por exemplo: “foi mal”.
Dizer
“foi mal” apenas informa que a pessoa entende que não “foi bem”, mas isto não é
exatamente um pedido de desculpas.
As
pessoas que não pedem desculpas tornam-se desagradáveis e ficam conhecidas pela
sua falta de educação. Já as pessoas educadas são bem vistas e bem-vindas em
qualquer lugar.
O facilitador
deve incentivar os presentes a se manifestarem sobre os assuntos que foram
tratados e conduzir a conversa para uma salutar troca de ideias.
Agora
vamos relaxar... fechar os olhos e respirar fundo algumas vezes para harmonizar
nossos ritmos internos... (vinte
segundos)
Vamos
imaginar que estamos numa floresta, sentados ao pé de uma grande árvore,
encostados em seu tronco. (cinco
segundos)
Em
torno de nós há o verde da vegetação, e lá no alto podemos ver o azul do céu
por entre as folhagens das árvores.
(cinco segundos)
Vamos
inspirar o ar, calmamente, procurando sentir o cheiro das folhas do arvoredo,
da terra e das flores silvestres. (cinco
segundos)
Procuremos
ouvir com a nossa imaginação o canto dos pássaros, o som das folhas que se
tocam ao sabor da brisa, e um pouco mais longe o som da água de um riacho,
correndo por entre as pedrinhas do seu leito. (cinco segundos)
Estamos
em plena natureza, sentindo paz, tranquilidade e alegria... (cinco segundos)
Vamos
refletir sobre o que significa “amar e respeitar a natureza”. (vinte segundos)
Vamos
agora voltar calmamente ao nosso ambiente e abrir tranquilamente nossos olhos.
O facilitador deve perguntar a cada um se
conseguiu realizar bem o exercício e incentivar os presentes a falarem sobre a
experiência que vivenciou.
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