Hoje vamos narrar um episódio muito interessante
extraído do livro A Missão Virtual, ocorrido
num momento em que os protagonistas se encontravam em missão no mundo virtual.
As crianças Gilberto, Teca e Serginho se abrigam da
chuva numa casinha, em meio às montanhas.
De madrugada, já perto do amanhecer, acordam
assustadas, ouvindo vozes na casa. Luzes bruxuleantes vagueiam pela fresta da
porta.
– Quem será? – pergunta Teca, num sussurro.
As vozes se aproximam, e dois vultos entram no
quarto, carregando uma lanterna. São dois homens, um alto e outro baixo, muito
magros e com expressões extremamente tristes. Estão com barbas por fazer,
roupas escuras e em desalinho, cabelos compridos e embaraçados. Tanto as
fisionomias quanto os olhos expressam profunda amargura. A voz é lúgubre e a
fala, lenta.
– O que vocês fazem aqui? – pergunta o mais alto.
– Quem são vocês? – indaga o mais baixo.
A muito custo Gilberto consegue responder:
– Nós somos irmãos... Esta aqui é a Teca, este é o
Serginho, e eu sou Gilberto... Gil, para os amigos... Nós somos brasileiros...
e...
– Ah, muito bem... – diz o alto, com sotaque
carregado.
O baixo olha com olhar doloroso para as crianças e
fala, com sotaque igual:
– Sorte sua... Só assim, vocês também vão ficar
livres da carga pesada.
Teca engole em seco algumas vezes, tentando
recuperar a voz. Por fim pergunta, quase num murmúrio:
– Carga pesada?
– Isso mesmo – responde o alto. – Já que invadiram
nossa casa vão ficar aqui para sempre. Não precisam voltar para o mundo. O
mundo é mau... e é muito triste...
As crianças pulam para fora da cama, terrivelmente
assustadas.
– Eles estão querendo nos prender aqui – diz Teca,
num gemido.
O mais baixo olha para as crianças com expressão de
profunda tristeza e diz:
– Nós vamos lhes fazer um favor... um grande favor.
O alto, com cara de quem está quase chorando, diz:
– Vocês vão fazer parte da Confraria dos Tristes.
Vão receber uma iniciação e nunca mais vão precisar sorrir.
– Mas sorrir é bom! – exclama Serginho. – A melhor
coisa da vida é a alegria...
O alto avança para Serginho com a mão erguida,
disposto a agredi-lo.
– Nunca mais... está me ouvindo? Nunca mais diga
essa palavra de novo!
As crianças, apavoradas, correm para a sala
procurando a porta para fugir. Está trancada. O alto coloca a mão sobre o
bolso, mostrando que está com a chave.
– Desistam – diz o baixo. Não têm como escapar.
Olha para o companheiro e comenta:
– São mais três para a nossa confraria.
– Temos que sair daqui! – exclama Gilberto, em
extrema aflição.
Serginho se aproxima dos dois homens, ajoelha-se em
frente a eles de mãos postas e suplica:
– Por favor, senhores, não façam isso conosco. Se os
senhores são tristes... nós não queremos ser.
Os dois não lhe dão a menor atenção. O alto olha o
relógio e diz:
– Daqui a cinco minutos, chegam os oficiais da
confraria. Aí podemos começar a cerimônia.
– Pelo amor de Deus, não façam isso com a gente –
implora Teca. – Nós temos mãe e pai... Eles vão ficar desesperados... Por favor!
O baixo derrama um olhar lamentoso sobre as
crianças, enquanto diz:
– Vocês não sabem o que estão dizendo. A vida é uma
carga escura e pesada que a gente tem que carregar. Por isso nós criamos a
Confraria dos Tristes.
Os três estão desesperados.
Gilberto chama os irmãos para um canto da sala e diz
baixinho:
– Não adianta a gente discutir com eles. Temos que
encontrar outro jeito.
– Que jeito? – pergunta Teca, com voz chorosa. –
Eles vão nos transformar em criaturas horríveis como eles próprios.
De repente, Serginho arregala os olhos e exclama:
– Eu acho que descobri!
Gil e Teca olham ansiosos para o irmão, que
continua:
– O problema deles não é a tristeza, a depressão?
Então, vamos jogar alegria em cima deles...
– Você está sonhando! – exclama Gilberto. – Isso não
daria certo. Nós estamos é perdendo tempo.
– Pois eu acho que não – interrompe Teca. – Talvez o
Serginho tenha razão. Vamos ver... cadê aquela canetinha?
– Está aqui – diz Serginho, pegando o aparelho que
Ashtarih lhe dera para o combate a Ruk Pollus. – Esta ponta azulada é a que
dinamiza alegria.
Teca coloca as pontas dos dedos na parte azulada,
mostrada por Serginho:
– Vamos, Gilberto, toca aqui... e vamos todos juntos
mentalizar alegria para esses homens.
– Para eles e para toda a sua confraria – completa
Serginho.
Os três fecham os olhos para melhor poderem se
concentrar. Um sorriso desenha-se em seus lábios, e suas fisionomias vão
tomando expressão de profunda alegria.
Ouve-se o canto de um pássaro sobre o telhado da
casa. Depois outro e mais outro. Da cumeeira penetram na sala dois pássaros de
belíssima plumagem colorida. Eles pousam sobre as mãos dos dois homens e
começam a gorjear. Seu trinado é suave, belo, e aos poucos vai ficando mais
vibrante, cheio de encanto e de alegria. Os homens não conseguem desgrudar os
olhos dos pássaros. Suas expressões começam a mudar lentamente, muito
lentamente. Seus rostos ficam menos tristes. Aos poucos, um sorriso tímido
começa a esboçar-se em seus lábios, espalhando-se para todo o rosto.
Outros pássaros penetram na sala e ficam voejando em
torno dos homens, juntando seus gorjeios aos demais. As crianças abrem os olhos
e ficam deslumbradas.
– Que coisa fabulosa! – exclama Gilberto. – Nunca vi
nada igual... nem na TV.
Os pássaros continuam voando pela sala, soltando no
ar seus magníficos gorjeios. O baixo começa a assoviar, tentando imitar os
pássaros. O alto faz o mesmo. As crianças, felizes, começam a bater palmas e a
dançar. Os homens também começam a dançar, primeiro sem jeito, duros, mas aos
poucos vão relaxando, e logo todos cantam, assoviam e dançam, na maior alegria.
De repente, os pássaros vão embora, deixando a casa
silenciosa. O baixo olha o relógio e fica pálido. O alto prende a respiração. O
minicomputador no pulso de Gil começa a emitir sinais de alarme. Todos estão
com medo, olhando uns para os outros.
– São os oficiais da confraria que estão chegando –
diz o alto, num murmúrio.
– Eu não quero mais voltar a ser triste! – exclama o
baixo. – Nem morto!
– Eu também não quero – diz o alto. – Agora que
senti o gostinho da alegria, nunca mais vou ficar triste.
De fora chega o som de lamentos e o ruído de alguma
coisa sendo arrastada pelo chão. Todos correm para a janela a tempo de ver a
procissão dos tristes chegando em frente à casa, arrastando um grande tronco de
árvore pintado de cinza escuro.
– Estão vendo esse tronco? – pergunta o baixo.– Ele
simboliza o sofrimento que os tristes vão arrastando vida afora.
O alto dá um tapa na própria cabeça, como quem tem
uma ideia importante, e pergunta às crianças:
– O que foi que vocês fizeram há pouco, para chamar
aqueles pássaros?
– É mesmo – diz o baixo. – Vocês podem fazer isso de
novo?
As crianças olham umas para as outras. Serginho pega
a canetinha e convida:
– Venham os senhores também.
Os cinco saem para fora, fazem um círculo e tocam a
canetinha com os dedos. Fecham os olhos, e seus rostos vão-se iluminando.
Os da confraria ficam espantados ao ver seus chefes
com expressões sorridentes, em flagrante desobediência ao maior de seus
mandamentos, mas, antes que possam dizer qualquer coisa, os pássaros entram em
cena, pousando sobre suas mãos e trinando alegremente.
Acontece o mesmo fenômeno de antes, e, após mais
alguns minutos, estão todos sorrindo, cantando, assoviando e dançando, em
grande alegria, festejando o fim da tristeza.
O alto corre para dentro da casa e volta com uma
lata de querosene. Os outros, como se fosse num ritual, batem palmas e ajudam a
tocar fogo no enorme tronco que os oficiais haviam deposto no chão do pátio e
ficam dançando em torno dele, até que termine de queimar.
Foi assim que as crianças conseguiram sair-se da
difícil situação em que se encontravam e, ao mesmo tempo, fizeram imenso favor
aos ex-tristes, tirando-os daquela condição tão deprimente.
O facilitador
deve incentivar os presentes a se manifestarem sobre o que acharam desse conto,
e conduzir a conversa para uma salutar troca de ideias.
Vamos
agora relaxar... fechar os olhos e respirar fundo algumas vezes para harmonizar
os ritmos internos.... (dez segundos)
Pensem
em si mesmos com muito carinho. (cinco
segundos)
Imaginem
seus corpos envolvidos numa luz branda, cheia de paz. (cinco segundos)
Pensem
agora nas pessoas egoístas e ambiciosas, que tanto mal fazem a tanta gente... (cinco segundos)
Agora
eu vou fazer uma prece e vocês acompanham, só no pensamento: “Senhor da Vida,
pedimos tua ajuda para todas as pessoas que são egoístas e ambiciosas... Ajuda
essas pessoas a perceberem o mal que estão fazendo aos outros e a si mesmos, ao
mancharem assim a própria consciência. Também queremos agradecer pela vida,
pela natureza, pela amizade e pelas oportunidades de crescimento e de evolução.
Assim seja.”